Capítulo 2 – O Dormitório dos Problemas
O dormitório masculino da Academia Tenkaichi era dividido em quartos para dois. Não havia luxo, mas havia espaço — e o clima de "vida entre homens" era quase sempre caótico.
(Riome): — É aqui…
Ele empurrou a porta do quarto 207 e encontrou um cenário misto de desorganização e energia explosiva. Camisetas penduradas, travesseiros no chão, e no canto da cama de cima…
(Keita): — Yo! Bem-vindo ao nosso covil! Tá preparado pra viver com uma lenda?
(Riome): — Lenda em bagunça, talvez.
Keita pulou da cama e bateu no ombro de Riome com um sorriso.
(Keita): — Relaxa, vou te apresentar todas as garotas da escola… Quer dizer, do campus. Quer dizer… as que forem legais. Ou peladas.
(Riome): — ...
Ele começou a guardar suas roupas, quando a porta do quarto se abriu com força.
(Yume): — Tô entrando~!
A garota de cabelo rosa apareceu vestindo um shortinho de treino colado e top esportivo suado. Suado e transparente.
(Keita): — (engasga) Y-Yume!?
(Riome): — Você entrou no quarto errado.
(Yume): — Ah, será? Ou talvez eu só quisesse ver quem é o novo companheiro de Keita… de quarto, claro.
Ela se inclinou para perto de Riome, o busto colado ao peito dele enquanto o olhava nos olhos.
(Yume): — (sussurrando) Se quiser, posso te dar boas-vindas mais… íntimas.
(Keita): — ISSO É UM DORMITÓRIO, NÃO UM LOVE HOTEL!!
Riome não respondeu. Só virou o rosto, um leve rubor tomando suas bochechas.
Pouco depois, Yume saiu rindo, deixando um cheiro doce no ar.
(Keita): — Mano… você tem um ímã nas calças ou o quê?
Mais tarde naquele dia, Riome foi ao campo para treinar sozinho. Após alguns chutes, ouviu passos atrás dele.
(Rina): — Sua finalização é forte. Mas seu movimento de corpo tá previsível.
(Riome): — Se quiser, pode vir marcar.
(Rina): — Não me provoque.
Ela se aproximou, o uniforme colado pelas gotas de suor. Os olhos castanho-escuros não desviavam dos de Riome. Por um segundo, o silêncio pesou. A tensão era estranha. Quase... elétrica.
(Rina): — Cuidado, Riome. Nessa escola, não são só os adversários que querem te derrubar.
No caminho de volta, ele cruzou com uma garota de óculos e expressão fria, observando o cronômetro enquanto corria com perfeição.
(Haruki): — Se vai ficar parado me encarando, ao menos corra junto. Ou está interessado em mim por outro motivo?
(Riome): — Só notei sua velocidade.
(Haruki): — Hmph. Mentiroso. Seu olhar foi cinco centímetros abaixo dos olhos.
Ela acelerou, deixando Riome com o cenho franzido. E um leve sorriso.
Mais tarde, no pátio externo, uma pancada no chão chamou atenção. Riome virou — e viu uma garota de cabelo branco por cima dele. Literalmente.
Os dois estavam no chão, rosto colado, braços entrelaçados. A pose lembrava uma posição de judô. Ou de algo bem mais íntimo.
(Mika): — Você... estava no caminho.
(Riome): — Você me jogou no chão do nada.
(Mika): — Meu instinto agiu. Mas... gostei do que vi.
Ela levantou, ajeitando a faixa da cintura, e saiu sem dizer mais nada. Mas deixou uma marca — não física, mas no olhar penetrante que cravou em Riome.
Naquela noite, deitado em sua cama de cima, Riome encarava o teto.
Cinco garotas. Cinco personalidades perigosas. Todas ao redor dele.
(Keita): — Mano… tu atrai confusão como ninguém.
(Riome): — Não é minha culpa.
(Keita): — Então de quem é? Do seu cabelo? Do seu cheiro? Ou do seu abdômen? Hahaha!
(Riome): — Cale a boca e apaga a luz.
Mas ele sabia. Aquele ano estava só começando. E já estava bem mais complicado do que qualquer jogo.