Cherreads

Chapter 3 - Capítulo 3 — Por que Ela Sorri Tanto?

As árvores eram altas demais. O céu brilhava demais. E até o vento parecia cantar. Rajime caminhava em silêncio, os olhos sempre alertas, observando tudo com uma calma quase artificial. Ao seu lado, Mina saltitava entre flores roxas e cogumelos gigantes, como se tivesse caído num conto de fadas.

— Rajime! Olha isso! Essa árvore tem olhos! — ela riu, apontando uma árvore com olhos dourados piscando.

— Estamos sendo observados. — ele respondeu, frio. — Fique perto de mim.

— Ai ai... Você nunca relaxa, né?

Rajime bufou baixinho, mas olhou de lado. Ela sorria como uma tola. Uma tola linda.

Logo, chegaram a um vilarejo no vale. Casinhas de madeira com telhados de palha, fumaça saindo das chaminés, pessoas com roupas medievais carregando frutas e peixes exóticos. Assim que os viram, a vila congelou por um instante.

— Forasteiros...? — sussurrou um ancião de barba branca. — Esperem... aqueles olhos... o brasão da invocação celestial...!

De repente, todos se ajoelharam.

— Heróis escolhidos pelo Oráculo...! Por favor, salvem-nos do terror do Pardo de Garras Negras!

Rajime suspirou. Mina olhou em choque.

— Pardo...? Isso é tipo... um urso?

— Um monstro urso gigante com garras que cortam pedra. — respondeu uma garotinha. — Ele destruiu nossas defesas... e vai voltar à noite...

Antes que o sol desaparecesse totalmente, um rugido ensurdecedor sacudiu o vale.

Do topo da montanha, uma criatura colossal surgiu — enorme, com olhos vermelhos, garras negras como obsidiana e pelagem feita de sombra viva.

Mina congelou de medo. O vilarejo gritou.

Mas Rajime... apenas caminhou.

— Fiquem atrás. — disse ele, os olhos prateados brilhando com calma assassina.

O urso-monstro desceu a colina com fúria, rosnando como um demônio da floresta. Quando saltou para esmagá-lo com a pata gigante...

Rajime levantou a mão.

Uma explosão de energia dourada, pura e silenciosa, rasgou o ar.

O monstro foi lançado para trás com tanta força que partiu uma montanha ao meio ao colidir.

Silêncio.

Até Mina engasgou.

— R-Rajime... o que foi ISSO?!

Ele encarou a própria mão, impassível.

— Controle absoluto da gravidade. Simples assim.

— S-Simples...?!

Mina correu até ele, os olhos brilhando com uma mistura de medo e encanto.

— Você... você é mesmo um monstro!

— ...Obrigado? — ele murmurou, virando o rosto para esconder o leve rubor.

Mina soltou uma risadinha suave. E foi ali que o vilarejo explodiu em comemoração.

O "herói de gelo" tinha salvado o dia. E, embora ele fingisse não ligar... seu peito gelado começava a derreter, um sorriso de menina de olhos azuis por vez.

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