A notícia se espalhou como fogo em palha seca.
"Um garoto destruiu a Besta Guardiã do Templo do Eco Perdido."
"Empunhou uma arma proibida."
"Manipula gravidade como um Deus."
Líderes de reinos distantes tremiam. Facções mágicas discutiam. Até o próprio Rei Demônio, sentado em seu trono de espinhos vivos, estreitou os olhos pela primeira vez em séculos.
— Um novo jogador no tabuleiro?
Sua voz era um sussurro cruel.
— Vamos testar o valor dessa peça.
E então, ele libertou um de seus mais fiéis servos.
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Enquanto isso, Rajime e Mina viajavam pelos campos floridos de Lithvara.
— Você percebeu que tá famoso, né? — Mina comentou, observando um grupo de crianças brincando com bonecos de gravidade improvisados.
— Não pedi por isso.
— Mas também não escondeu.
— Não me importo com o que falam.
— ...Mentira. — Mina o olhou de canto. — Você fica quieto, mas gosta de ser notado. E agora o mundo todo tá de olho em você.
Rajime desviou o olhar.
— Eu só quero completar minha missão. Salvar esse mundo e ir embora.
— E se... esse mundo começar a importar?
Silêncio.
— Você começou a importar pra mim, sabia?
Rajime parou de andar. Mina o encarou, surpresa por ter falado em voz alta.
— Esquece, eu só... — ela desviou os olhos, embaraçada. — Idiota.
Mas ele estendeu a mão, e uma flor flutuou até ela, envolta por uma pequena órbita de luz gravitacional.
— Obrigado.
— Pelo quê?
— Por não desistir de mim.
Mina segurou a flor como se fosse feita de cristal.
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Naquela noite, um ataque.
O céu rachou em vermelho. Um guerreiro com corpo coberto por tatuagens flamejantes desceu como um meteoro. O chão tremia sob seus pés.
— Você é o garoto que pensa que pode desafiar um Rei?
Rajime levantou-se, olhos dourados brilhando na escuridão.
— Eu não penso. Eu faço.
O vilão avançou, movendo-se como um raio. Rajime o enfrentou com uma nova técnica: "Coração Estelar" — condensando o centro de um buraco negro em sua palma, explodindo a gravidade em todas as direções.
A batalha iluminou o céu da floresta por horas.
No fim, o inimigo caiu derrotado. Mas antes de desaparecer, sorriu.
— Ele... vai vir por você. E não importa o quão forte seja... você vai sentir o peso do medo.
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Depois da luta, Mina curava Rajime silenciosamente.
— Você está mudando. Tá começando a sorrir mais...
— E isso é ruim?
— É perigoso. Porque eu tô começando a gostar disso. E você nem percebe...
— Mina...
Ela colocou um dedo nos lábios dele.
— Não precisa responder. Só... me prometa que não vai se destruir no processo de salvar esse mundo.
Ele hesitou.
Depois disse, com a voz baixa:
— Eu não deixaria você sozinha.
Mina sorriu, com os olhos brilhando.
— É um começo.