Cherreads

Chapter 5 - As Perguntas do Charlatão

O Armazém 7 parecia tão abandonado quanto o resto do distrito.

As janelas estavam quebradas, as paredes cobertas de pichações.

Não havia luzes.

Nem sons.

Apenas a escuridão e o frio.

Parei diante da porta enferrujada, o coração batendo na garganta.

Antes que eu criasse coragem para bater, ela se abriu sozinha, rangendo de forma sinistra.

— Achei que você ia desistir — disse uma voz preguiçosa, vinda lá de dentro.

Avancei devagar.

O interior estava iluminado apenas por algumas lâmpadas penduradas, balançando no teto alto.

No centro do espaço vazio, Baek Hojin me esperava, ainda usando seu chapéu de palha ridículo e chinelos.

Ele estava sentado em uma cadeira de praia, com uma caixa de bijuterias aberta a seu lado, como se estivesse num piquenique.

— Bem-vindo à sua primeira entrevista de emprego — disse, com um sorriso preguiçoso.

Fiquei parado, sem saber o que esperar.

Luta?

Treinamento?

Magia?

Em vez disso, ele puxou um pequeno bloco de notas e uma caneta esferográfica.

— Vamos lá, garoto. Responda com sinceridade, ou pode ir embora agora.

Assenti, tenso.

Ele limpou a garganta teatralmente.

— Primeira pergunta:

Se você visse uma pilha de dinheiro caída no chão... e ninguém por perto... o que faria?

Pisquei, confuso.

Que tipo de teste era aquele?

— Eu... eu procuraria o dono — respondi, hesitante.

Ele sorriu, anotando algo no bloco.

— Segunda:

Se você estivesse diante de um inimigo mais forte que você, com a chance de fugir e sobreviver... ou ficar e proteger alguém inocente, o que faria?

Fechei os punhos.

Pensei na Eunha.

— Eu ficaria.

Baek assobiou, como se estivesse impressionado, mas parecia zombeteiro.

— Terceira:

Se lhe oferecessem poder absoluto, mas à custa de sacrificar uma pessoa que ama... aceitaria?

Meu estômago revirou.

Nem por um segundo.

— Não — respondi com firmeza.

Ele sorriu largo dessa vez, satisfeito, como quem acabava de ouvir a resposta que queria.

— Última:

Por que você quer se tornar caçador?

Essa foi fácil.

— Para salvar minha irmã — disse. — E para mudar minha vida.

Baek largou o bloco de notas no chão e levantou da cadeira, se espreguiçando como se tivesse acabado de acordar de uma longa soneca.

— Teste concluído — disse, rindo. — Você passou, garoto.

Fiquei ali parado, ainda sem entender.

— Isso foi... foi só isso?

Ele piscou para mim.

— Ah, claro. Super sério, não é?

Tirei essas perguntas de um livro velho de psicologia de aeroporto. "Como Entender Pessoas em 5 Perguntas", ou algo assim.

Dei um passo para trás, entre surpreso e irritado.

Era tudo uma piada?

— Então isso... não era um teste de verdade?

Ele riu ainda mais.

— Quem disse que não era?

Às vezes, você entende mais sobre uma pessoa vendo como ela responde do que vendo como ela luta.

Força física qualquer um pode ganhar.

Mas caráter... isso é raro.

Baek virou-se para o fundo do armazém e começou a andar, acenando para que eu o seguisse.

— Vamos, garoto. Ainda tem muito o que fazer.

Corri para alcançá-lo.

Enquanto caminhávamos entre as sombras, não consegui segurar a pergunta:

— Senhor Baek... qual é o seu nível?

Ele parou.

Virou-se lentamente para mim.

O sorriso preguiçoso sumiu por um momento.

— Rank S — respondeu simplesmente.

Meus olhos se arregalaram.

Um Rank S...!

Ele era um monstro em forma humana!

Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele acrescentou, coçando o queixo:

— Sobre o nível... bem... — deu de ombros — ...não verifico faz tanto tempo que nem lembro.

Esses números são só etiquetas, no final.

Ele piscou para mim, como quem guarda um segredo enorme, e voltou a andar, assobiando.

Fiquei parado por um instante, sentindo um arrepio subir pela espinha.

Quem — ou o quê — era Baek Hojin, realmente?

Não importava.

Agora eu estava dentro desse mundo.

E não havia mais volta.

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