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Chapter 10 - A Vila das Leo'kars

Atravessamos a floresta espessa, com o solo úmido rangendo sob nossos pés.

O vento era pesado, carregando cheiros fortes de terra molhada e algo mais... animalesco.

Depois de horas de caminhada, Baek Hojin levantou a mão, pedindo silêncio.

Me abaixei atrás dele, espiando por entre as folhagens.

Foi então que vi.

Uma vila.

Mas diferente de qualquer coisa que eu imaginasse.

Construções feitas de madeira rústica e peles grossas formavam uma pequena comunidade cercada por estacas afiadas.

Vários seres se moviam entre as casas — todos eles compartilhando características em comum:

pelagens douradas, olhos intensos, corpos fortes e musculosos.

Criaturas com traços humanos... e leoninos.

Fiquei fascinado.

— Quem são eles? — sussurrei.

Hojin sorriu de lado.

— Leo'kars.

— Leo'kars?

— Uma raça antiga de meio-humanos descendentes dos leões primordiais da Terra Espelhada.

Orgulhosas, fortes... e extremamente territoriais.

Observei com mais atenção.

A maioria era fêmea — imponentes, caminhando com uma autoridade selvagem.

— As Leo'kars formam vilas como esta para se proteger e se fortalecer — continuou Hojin. — Cada vila é como uma pequena cidade-estado.

Elas caçam, guerreiam entre si, e protegem ferozmente suas terras.

Apontou para uma praça no centro, onde uma enorme fogueira ardia.

— Às vezes, vilas assim se tornam tão perigosas que caçadores as classificam como Dungeons Vivas.

— Dungeons?

— Sim.

Locais onde é praticamente suicídio entrar sem preparação.

Olhei para ele, apreensivo.

— Vamos atacar?

Ele riu.

— Nem pensar.

Por enquanto, só observar.

Ficamos em silêncio por um tempo, espiando as Leo'kars se movimentarem.

Então, me lembrei de algo.

— Quando eu lutar aqui... eu vou ganhar XP, certo?

Tipo... pontos de experiência?

— Vai — confirmou Hojin, sem se virar.

Esperei ele explicar mais... mas ele apenas ficou olhando a vila.

— E... como funciona?

Ele deu uma risada seca.

— Não agora, garoto.

Quando seu Sistema despertar, a gente conversa.

Franzi a testa.

— Por quê?

— Porque entender antes da hora pode atrapalhar mais do que ajudar.

Ele virou o rosto, um brilho estranho nos olhos.

— Confia no processo.

Mordi a língua, me forçando a aceitar.

Então Hojin apontou discretamente para a roupa de uma das Leo'kars, feita com couro trabalhado e penas douradas.

— Outra coisa que precisa saber: as peles, presas, garras e ossos dessas criaturas são valiosos.

— Pra quê?

— Dinheiro.

Muito dinheiro.

Meus olhos se arregalaram.

— Além disso — continuou —, dá para forjar armas, armaduras, equipamentos especiais.

Pensei em uma espada feita de presas monstruosas e uma armadura dourada brilhante...

Mas Hojin logo cortou meu entusiasmo.

— Só que é um trabalho desgraçado.

Você precisa de materiais específicos, habilidades de artesanato, conhecimento de alquimia... é muita dor de cabeça.

Fez uma careta preguiçosa.

— Então, a maioria dos caçadores simplesmente mata, arranca o que pode e vende para especialistas.

— Nada de fazer armadura heróica sozinho?

— A não ser que você queira passar anos estudando isso em vez de lutar... esquece.

Não consegui conter uma risada.

Hojin riu também.

— Nosso foco agora é simples: sobreviver, ficar mais forte e ganhar dinheiro suficiente para mudar sua vida e cuidar da sua irmã.

Fiquei sério.

Lembrei da expressão fraca de Eunha na última vez que a vi.

Eu não podia falhar.

Respirei fundo, firmando a decisão no meu peito.

— E agora? — perguntei.

Hojin sorriu de um jeito predatório.

— Agora, esperamos.

Quando uma Leo'kar batedora sair sozinha para patrulhar...

Você terá sua primeira luta de verdade.

O vento soprou forte, agitando as árvores.

E pela primeira vez desde que atravessamos o portal, eu senti que realmente estava em um novo mundo.

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