O choque das energias parecia distorcer o próprio espaço à sua volta. Os dois combatentes estavam imersos em uma batalha que transcendia o físico, suas almas sendo forjadas a cada troca de golpes. Ryouma e Tang San estavam agora tão imersos na luta que, por um breve momento, o mundo à sua volta parecia desaparecer, deixando apenas os dois, engajados em um confronto de poderes que desafiavam a compreensão.
Tang San, agora com seu espírito do Lobo Azul ressoando com uma intensidade mais elevada do que nunca, sentia a pressão se intensificar. Sua energia espiritual estava sendo moldada de uma maneira que ele nunca tinha experimentado antes. O Lobo Azul não era apenas uma extensão de sua força, era uma representação de sua própria alma, agora se expandindo para um nível que nem ele poderia ter previsto.
Ele sentiu a Corrente da Ruína Eterna de Ryouma tentar envolvê-lo mais uma vez, como um laço implacável que queria drenar sua essência. Mas agora, ele não recuava. A cada onda de pressão, ele sentia que sua alma se tornava mais forte. Algo dentro dele estava despertando, uma força além de qualquer coisa que ele já tivesse conhecido.
Com um grito feroz, Tang San fez sua energia explodir para fora de seu corpo, liberando o poder do Lobo Celestial em sua forma mais pura. A energia emana de seu corpo como uma onda de destruição, e o Lobo Azul se materializa de forma majestosa e imponente ao seu lado. Suas garras cortam o ar, e seus olhos brilham com uma luz dourada intensa.
Ryouma, por um momento, se viu forçado a recuar diante da força avassaladora do ataque de Tang San. Ele não estava preparado para a intensidade daquilo. Ele sabia que o discípulo da Seita Céu Claro estava mais forte do que imaginara, mas agora, essa força não era apenas uma questão de técnica ou poder bruto. Era algo mais, algo que transcendia as expectativas.
— Impressionante, Tang San. — Ryouma disse, sua voz carregada de uma admiração fria, mas também de uma preocupação calculada. — Você tem uma força que eu não esperava. Mas isso ainda não é suficiente.
A Corrente da Ruína Eterna de Ryouma se retorceu, criando uma nova formação. Em vez de um laço, agora era uma cadeia invisível que parecia estender-se através do espaço. Ele estava se adaptando à luta, ajustando-se às novas forças que Tang San estava liberando. A tensão entre os dois aumentava a cada segundo, e a sala ao redor deles começava a se fragmentar, como se o próprio espaço estivesse sendo distorcido pela intensidade da batalha.
Tang San sabia que precisava continuar, que não poderia parar. Ele sentia que estava chegando perto de algo importante, uma chave para vencer Ryouma. Mas a pressão da luta, a exaustão acumulada de usar tantas técnicas poderosas, estava começando a cobrar seu preço. Seus músculos estavam dormentes, e sua energia espiritual começava a vacilar.
Foi nesse momento que a voz de Ryouma soou novamente, cortando o silêncio tenso que os envolvia.
— Você realmente acredita que pode vencer? — Ryouma perguntou, a voz como um sussurro. — Sua força não é suficiente para quebrar as correntes do destino. Você ainda não entendeu, Tang San. O que você está fazendo não é lutar por justiça ou poder. Você está lutando por uma mentira, por algo que já foi determinado.
Tang San, ofegante, apertou os punhos. Ele não respondeu imediatamente, mas a raiva queimava em seu interior. Ele não podia permitir que Ryouma o controlasse com palavras. Ele sabia que a verdadeira batalha não era apenas contra o corpo de seu oponente, mas contra a ideia de que o destino já estava escrito para ele. E mais do que isso, ele não iria permitir que alguém decidisse o que ele deveria ou não fazer.
— O destino não está em suas mãos. — Tang San murmurou, sua voz baixa, mas carregada de uma convicção inabalável. — Eu sou o único que pode decidir meu caminho. E não importa o que você diga ou faça, Ryouma, eu vou lutar até o fim.
A pressão ao seu redor aumentou, mas ele não recuou. Seu espírito, agora brilhando com uma energia dourada e pura, se elevava mais alto. Ele não tinha mais medo. A luta não era mais sobre vencer ou perder. Era sobre resistir, sobre afirmar sua própria existência em face de uma força superior que tentava lhe tirar o controle.
Ryouma observou com mais intensidade. Ele podia sentir a resistência de Tang San, a maneira como ele se recusava a ceder. Mas para ele, essa resistência era uma fraqueza. Ela o tornava previsível, uma peça que ele poderia mover como quisesse no tabuleiro.
— Isso é o que te torna fraco, Tang San. — Ryouma disse, sua voz agora mais sombria. — Você acha que sua luta tem algum significado. Mas no final, todos nós somos apenas marionetes. O que você chama de "destino" nada mais é do que um fio invisível puxado por forças maiores. E nada que você faça pode mudar isso.
Tang San fechou os olhos por um momento, suas palavras ressoando em sua mente. Ele não sabia se estava sendo excessivamente arrogante ou se era verdade que o destino dele já estava traçado. Mas o que ele sabia, de maneira profunda e verdadeira, era que ele não poderia parar. Ele não seria uma marionete nas mãos de ninguém, nem mesmo nas mãos de Ryouma.
— Se é assim que você vê, então prove-o. — Tang San disse, sua voz firme. — Vença-me, Ryouma. Prove que você tem o poder para realmente moldar o destino. Mas não pense que será fácil.
Com essas palavras, Tang San avançou mais uma vez. O Lobo Celestial ao seu lado uivava em resposta, uma explosão de energia que cortava o ar. Ele se lançou na direção de Ryouma com uma ferocidade renovada, seus punhos iluminados pela força do Lobo Azul. Mas Ryouma não estava mais recuando. Ele estava pronto para o próximo movimento.
Ryouma invocou a Corrente da Ruína Eterna com um gesto de sua mão, moldando-a como uma lâmina afiada de energia. A corrente avançou rapidamente, se entrelaçando com a ofensiva de Tang San, criando uma batalha de forças espirituais que iluminavam o ambiente. O confronto de titãs estava em seu ápice, com cada golpe criando uma onda de destruição que reverberava em todas as direções.
Mas então, quando a luta parecia alcançar seu clímax, algo inesperado aconteceu.
Uma presença apareceu, distinta e poderosa, como se fosse um novo ator entrando no palco. Ambos os combatentes sentiram a mudança no ambiente, como se o tempo tivesse desacelerado por um breve momento. Algo estava prestes a mudar, e o curso da batalha não seria mais o mesmo.
E então, antes que pudessem reagir, a voz de alguém desconhecido ecoou no ar.
— Este combate não é de vocês. — Disse a voz, carregada de autoridade e poder.