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Chapter 95 - Capítulo 95: O Despertar da Verdade

O som suave dos passos ecoava pelas galerias vazias do labirinto, agora mais silenciosas do que nunca. O calor das sombras havia se dissipado, mas o peso das revelações ainda pairava sobre eles como uma nuvem densa e indesejada. Tang San, Elyss e Aeterna avançavam em direção ao que parecia ser o final daquela jornada, mas sabiam que o que estava por vir era mais difícil do que qualquer coisa que haviam enfrentado até agora.

Aeterna, com seu semblante grave, liderava o caminho, sua postura inabalável e seu olhar distante refletindo a experiência adquirida ao longo de tantas batalhas. Ela sabia que, embora o pior estivesse para trás, o verdadeiro desafio aguardava no final daquele corredor.

— Aquele não foi um teste qualquer — disse Aeterna, quebrando o silêncio que envolvia o grupo. Sua voz, normalmente calma e controlada, tinha uma leve tensão. — As sombras não são apenas um reflexo dos nossos medos. Elas são pedaços de nós que, de alguma forma, se perderam ao longo do tempo. O Labirinto das Almas não se alimenta de nossas fraquezas; ele as revela, obrigando-nos a confrontá-las de maneira direta.

Tang San caminhava em silêncio, com os olhos fixos no chão. Aquelas palavras de Aeterna ressoavam em sua mente. Ele havia enfrentado sua própria escuridão, mas agora, mais do que nunca, sentia o peso de tudo o que ainda estava por vir. A sombra que o encarara tinha falado a verdade, ele sabia disso. Havia escolhas que ele evitara, questões que ele ainda não tinha resolvido. E, apesar de sua jornada heroica, ele não era perfeito.

Elyss, ao seu lado, parecia ainda mais perturbada. Seus olhos estavam vidrados, mas havia uma quietude neles, como se ela estivesse tentando processar tudo o que havia vivido até ali. A visão de sua própria sombra, com todos os seus medos e inseguranças, ainda pairava sobre ela como uma sombra indesejada.

— Aeterna... você falou de revelar as fraquezas — Elyss começou, sua voz suave e hesitante. — Mas o que acontece depois disso? O que devemos fazer quando conseguimos encarar nossa própria escuridão?

Aeterna parou de caminhar, virando-se para os dois. Seu olhar, sempre enigmático, parecia agora mais suave, como se estivesse tentando compartilhar uma parte de seu vasto conhecimento.

— O que vem depois... é uma escolha. Quando você encara suas sombras, você decide se vai aceitá-las ou se vai lutar contra elas. Mas a luta não é contra aquilo que você teme; ela é contra a negação de quem você realmente é. Somente quando você aceita todos os seus aspectos, as luzes e as sombras, é que você pode verdadeiramente seguir em frente.

As palavras de Aeterna pairaram no ar, como um enigma que precisava ser desvendado. Tang San e Elyss sentiram o peso daquelas palavras. A jornada deles não havia terminado, mas o caminho à frente agora se tornava mais claro.

De repente, o silêncio foi quebrado por um som distante, um eco que vinha de dentro do próprio labirinto. Era uma vibração baixa, uma sensação de que o chão estava começando a tremer. O ar pareceu se alterar, ficando mais denso, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Aeterna olhou para a frente, seus olhos se estreitando à medida que a tensão aumentava.

— Preparem-se — disse ela, sua voz agora grave e cheia de urgência. — O labirinto não nos deixará partir tão facilmente.

Sem aviso, uma onda de energia varreu o corredor, como uma força invisível que empurrou o trio para trás. Tang San tentou manter o equilíbrio, mas algo o forçou a cair de joelhos. Elyss foi empurrada para trás, caindo em cima de uma pedra. O labirinto parecia estar se moldando de maneira diferente, suas paredes começando a se mover e a se ajustar como se tivesse vida própria.

Em um piscar de olhos, as sombras, que haviam se dissipado momentaneamente, começaram a retornar. Mas não eram as mesmas. Elas eram mais densas, mais reais, mais poderosas. As figuras que surgiam à sua frente agora tinham uma presença quase palpável, como se pudessem tocá-los, como se estivessem prontas para se manifestar de forma física.

Uma voz ressoou no fundo do salão, mais profunda e ameaçadora do que qualquer coisa que tivessem ouvido até então.

— Vocês não passaram no teste... ainda. Não perceberam que o labirinto está vivo? Ele os observa, escolhe quando os testar e quando os deixará avançar. Cada um de vocês tem algo que precisa aprender antes de seguir em frente. E se não aprenderem... nunca sairão daqui.

O ar ficou pesado com as palavras da entidade desconhecida, e uma sensação de desesperança começou a invadir os corações de Tang San e Elyss. Aeterna, no entanto, permaneceu calma, como se já esperasse por isso.

— O Labirinto das Almas nunca será fácil. Ele não faz concessões. Mas nós também não estamos aqui por acaso. Todos nós temos o poder de moldar nosso destino. Isso não será diferente agora.

Tang San levantou-se, com um olhar determinado. Ele sabia que estava perto de algo grande, algo que poderia mudar o rumo de sua jornada. Ele não se permitiria ser derrotado pelo labirinto, ou pelas sombras que o assombravam.

Elyss, recuperando-se da queda, levantou-se também, seus olhos agora mais resolutos. Ela sabia que, se não aceitasse suas próprias fraquezas, se não aprendesse a lidar com seus medos, não poderia seguir adiante. Ela sentiu a verdade nas palavras de Aeterna. A jornada estava apenas começando.

As sombras à sua frente se agitaram, tornando-se mais intensas, mais agressivas. Mas algo estava mudando. A luta interior de cada um estava começando a se refletir nas figuras à sua frente.

— Não fugiremos mais — disse Tang San, sua voz carregada de determinação. — Vamos encarar o que nos espera.

Elyss sorriu, um sorriso que misturava dor e coragem, enquanto as sombras começavam a desaparecer uma a uma. O labirinto estava começando a recuar, mas a jornada interna deles, essa sim, estava apenas começando.

Aeterna observou, como uma guia silenciosa, à medida que os dois davam passos firmes em direção ao futuro. Não havia mais medo. Não havia mais dúvidas. Eles estavam prontos para enfrentar o que viesse a seguir.

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