Capítulo – O Olhar do Bardaxa
As geleiras tremiam com o peso dos passos de Kátyra. Ela seguia por trilhas abandonadas ao tempo, onde nem os corvos ousavam voar. A procura por respostas a levou a uma antiga biblioteca enterrada sob os escombros de um templo Ataxa.
Mas antes que pudesse decifrar os sigilos nas paredes, foi emboscada. Três Ataxas surgiram das sombras com suas lâminas negras, olhos incandescentes.
A batalha foi breve, brutal. Ela teria perecido… se não fosse por ele.
Tharion.
Um Bardaxa. Alto, pele marcada por runas antigas, olhos com reflexos âmbar e roxo — um sinal da mistura de Guardião com Darxa. Ele lutava com ferocidade e beleza. Quando os corpos tombaram, ele se virou para ela, arquejando:
— "Você é a filha do Norte… Mas também é herdeira de algo que ninguém entende. Os Ataxas não a querem morta. Querem usá-la."
Caminharam juntos. Ele revelou ter fugido das minas de ônix, onde os Bardaxas eram escravizados. Trazia consigo parte de um mapa que levava à relíquia sagrada.
Durante a jornada, Kátyra começou a ouvir sussurros nos ventos — vozes que Tharion também escutava. Eram memórias. Vidas antigas que vibravam entre os dois, como se o destino deles estivesse preso por fios tecidos antes mesmo do tempo.
Ela não sabia se confiava nele. Mas em seus olhos havia algo que ela reconhecia: dor, resistência… e algo mais perigoso — verdade.