A neve caiu espessa sobre o Templo de Khaer quando os gritos da mãe ecoaram nas câmaras sagradas. As chamas se apagaram sozinhas. O silêncio tomou conta da montanha. As sacerdotisas sentiram o presságio: o Equilíbrio estava prestes a mudar.
O primeiro a nascer foi envolto em frio. Não chorou. Seus olhos, abertos desde o início, refletiam o branco do mundo. Onde sua pele tocava, o ar congelava. Chamaram-no Therys, nome da deusa do gelo que vigia as eras. Ele era o primogênito, sereno e gelado como o norte.
O segundo veio com um grito. A sala iluminou-se em tons de vermelho e dourado. O chão tremeu sob seus pés minúsculos, e as tochas acesas sem chama queimaram por si. Deram-lhe o nome de Rhaziel, o nome do deus do fogo, aquele que renova e consome.
Os irmãos, lado a lado, fizeram o céu se dividir: auroras e brasas dançaram no horizonte. Os velhos textos sussurravam:"Do ventre da mesma mãe nascerão os opostos." E onde houver dois, o mundo arderá ou congelará."