Capítulo: Batidas do Tempo
Enquanto escutava música, o tempo parecia parar.
Minha mente viajava — eu ia para outros lugares, outras dimensões talvez, só com o poder da música.
Sentia as batidas sobre o meu corpo e não conseguia me conter.
Então eu dançava... na imaginação, é claro.
Agora estou indo para a escola. O motorista me observa pelo retrovisor enquanto escrevo letras de rap no meu caderno. Em casa, é praticamente proibido — suspiro fundo.
Ao ser deixado em frente à escola, encontro meus amigos logo de cara. Saímos juntos para um lugar mais reservado durante a hora vaga. Lá, fazemos batalhas de rima e dançamos ao som de hip-hop.
Mas dessa vez seria diferente.
Duas músicas de K-pop iriam embalar nossos passos: "Monster" do EXO e "Spring Day" do BTS.
Meu corpo dançava e deslizava no ritmo. Os passos eram sincronizados.
Isso me fazia bem.
Coloquei todo o meu sentimento reprimido entre cada movimento.
Era o meu refúgio.
Dizíamos que estávamos indo "estudar", mas na verdade, participávamos de competições de dança e batalhas de rima.
Essa era nossa vida a partir dali: jovens sonhadores abafados pela autoridade de pais severos.
O tempo parecia congelar...
— "Ei! Continuem depois. Agora é hora da aula de Física!" — disse alguém entrando na sala.
Basicamente era uma das matérias em que eu não prestava atenção nenhuma.
Mas ironicamente, sempre fui bom nela... mesmo com os fones de ouvido ligados o tempo todo.
Finalmente, hora de ir para casa.
Meu motorista já me esperava em frente à escola.
Ao me aproximar do carro, vi meu pai no banco de trás, concentrado no tablet.
Entrei. Ele apenas me olhou de relance.
— "Por que demorou tanto? Estou um minuto atrasado por sua causa..." — disse ele, me analisando de cima a baixo.
Me calei. Não poderia dizer nada.
Será que ele é mesmo tão certinho assim?
Tudo o que exige de mim é foco nos estudos, sem espaço para diversão.
Ele anda pelas ruas como um homem poderoso, CEO admirado por todos.
Se eu pudesse voltar no tempo...
Gostaria de vê-lo no auge da juventude.
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Estava mexendo numa caixa misteriosa, guardada num quarto onde ninguém podia entrar.
Ali encontrei panfletos antigos, um colar com uma estrela em forma de guitarra, e um caderno de músicas.
Quando o abri para ler, ouvi um barulho.
Rapidamente peguei o colar, coloquei no bolso e saí dali.
De relance, vi meu avô sorrindo.
Ele murmurou bem baixinho:
— "Essa viagem vai ser longa."
Não entendi o que queria dizer. Pelo menos... ainda não.
— "Jovem mestre, o senhor não pode sair. Seu pai não permite que vá à noite." — disse o mordomo, me observando com seriedade.
— "É impossível! Por que tenho que viver preso assim?!" — rebati. — "Ele só tem medo!"
Foi quando ouvi sua voz ecoando:
— "Estou te ajudando a ter um futuro melhor. Acha que eu cheguei até aqui sem esforço? Trabalhei duro! Nada de rock, nada de música, nada de esportes radicais. Você não vai sair para dançar hip-hop!"
— "VOCÊ NÃO ME ENTENDE! EU NÃO QUERO SER COMO VOCÊ! UM CARA FRIO E EGOÍSTA!" — gritei.
— "SE EU PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, TE MUDARIA! MEU SONHO É SER DANÇARINO DE HIP-HOP! UM GRANDE RAPPER! VOCÊ É UM PÉSSIMO PAI!"
[...]
Ele me olhou com reprovação... e me deu um tapa no rosto.
Segurei o choro. Saí correndo pela porta.
Como ele pode fazer isso?
Se eu pudesse voltar no tempo... eu o transformaria.
Foi então que, de repente, um brilho invadiu meus olhos.
Caí.
Quando acordei...
Estava num cenário que parecia saído de um filme.
Carros antigos. Ruas agitadas. Placas vintage...
Não lembro de ter entrado em um teatro, mas ali estava eu.
A viagem havia começado.
Tum.
Tum.
Tum.
As batidas do tempo... JÁ dançavam dentro de mim.