Ryouma olhou para a figura encapuzada à sua frente, o peso de suas palavras reverberando dentro de sua mente. A Voz das Sombras, como ela se autodenominava, havia revelado um fragmento da verdade, mas ainda havia algo mais profundo por trás de tudo aquilo. Algo que ele ainda não conseguia compreender completamente.
A atmosfera ao redor deles parecia vibrar com uma energia desconcertante. O campo de batalha estava preparado, mas de uma forma que Ryouma nunca havia experimentado antes. Não era uma luta de força bruta, mas algo mais sutil, um duelo de almas e vontades.
— Você não pode fugir, Ryouma. — a Voz das Sombras disse, com sua voz suave, mas cheia de autoridade. — O destino não pode ser alterado com meras escolhas. Você está preso em um labirinto de mentiras, e a única forma de sair é enfrentando a verdade de frente.
Ryouma não respondeu de imediato. Ele observou a figura misteriosa, seus olhos fixos sob o capuz. A sensação de estar sendo observado o incomodava, mas ele não desviou o olhar. A sua mente estava acelerada, processando as informações que recebera até agora.
O que exatamente ela queria dizer com "labirinto de mentiras"? O que ela sabia sobre o Rei Quebrado? Ryouma sentia que o mundo estava prestes a ser reescrito, e ele precisava entender seu papel nisso.
— O que você sabe sobre o Rei Quebrado? — perguntou, a voz firme, sem hesitação. Ele não podia permitir que mais enigmas o envolvessem sem respostas. Já havia muitos mistérios em sua vida, e ele precisava começar a desvendá-los um a um.
A Voz das Sombras permaneceu em silêncio por um momento, como se avaliando sua resposta. Então, com um leve movimento de sua mão, ela levantou o capô, revelando um rosto pálido e sem expressão, como se tivesse sido esculpido pela própria escuridão.
— O Rei Quebrado não é uma lenda, Ryouma. Ele é uma entidade que existe além do tempo e do espaço. Sua essência é formada pela destruição e pela reconstrução, pela criação e destruição de mundos. Ele foi quebrado, mas não destruído. E a única forma de repará-lo, de restaurá-lo, é trazer de volta o que foi perdido. E para isso, você precisa encarar a verdade de quem você realmente é.
O choque das palavras se abateu sobre Ryouma como uma onda. Ele podia sentir a verdade dessas palavras em sua essência, como se algo estivesse tentando se conectar com ele, algo que ele não compreendia completamente.
— O que você está dizendo? — ele perguntou, a frustração crescendo dentro de si. — Quem sou eu realmente?
A Voz das Sombras deu um pequeno sorriso, seus olhos brilhando com um conhecimento que parecia ir além de tudo o que ele poderia imaginar.
— Você é o fio que mantém as linhas do tempo juntas. Você é a chave para os eventos que ocorrerão. O Rei Quebrado não é alguém distante de você. Ele está dentro de você, Ryouma. E agora, você tem que decidir: aceitar ou destruir o que você é.
Ryouma deu um passo atrás, as palavras da Voz das Sombras ressoando em sua mente, mas ele não podia acreditar nelas por completo. Algo dentro dele estava se quebrando, mas ele sabia que não podia ceder àquela pressão. Ele ainda não compreendia tudo, mas precisava descobrir.
E foi nesse momento que ele sentiu uma presença diferente. Tang San, o discípulo da Seita Tang, estava mais perto do que ele imaginava. O olhar de Tang San se encontrava com o seu, cheio de uma estranha mistura de admiração e desconfiança.
— Ryouma, não escute ela. — Tang San disse, sua voz carregada de um tom urgente. — Você não sabe o que está fazendo.
Ryouma olhou para Tang San, a confusão em seus olhos agora se transformando em uma expressão de determinação.
— O que você sabe, Tang San? O que você está escondendo?
Tang San hesitou, e por um momento, o silêncio entre os dois ficou quase palpável. Ele estava relutante, mas o peso da situação parecia forçá-lo a agir.
— O Martelo do Céu Claro… Eu… — Tang San começou a falar, mas antes que pudesse continuar, a Voz das Sombras interrompeu, sua risada ecoando pelo campo.
— Ah, o Martelo do Céu Claro. Uma ferramenta divina, mas também uma maldição. Ele tem um poder que pode mudar o destino de todos os seres vivos. E você, Tang San, vai ter que escolher se usará esse poder para os seus próprios fins, ou se seguirá a verdadeira linha do destino.
A revelação deixou Ryouma ainda mais confuso. O Martelo do Céu Claro, o artefato lendário que Tang San ocultava, tinha mais poder do que ele imaginava. Mas agora ele entendia que o jogo era ainda maior do que ele pensava. A batalha não seria apenas contra forças externas, mas contra suas próprias escolhas.
Ryouma sentiu uma nova energia pulsando dentro de si. Seu Sistema, sua ligação com o Arquivo Proibido, as correntes da verdade começaram a se ligar de maneira diferente. Ele sabia que era hora de decidir seu próprio destino. Ele não poderia deixar que o medo ou a dúvida o dominassem. Não agora.
— Eu escolho meu próprio caminho. — disse Ryouma, com uma voz firme. Ele não sabia o que viria a seguir, mas uma coisa estava clara para ele. Ele não seria mais um peão em um jogo que não compreendia. Ele iria escrever sua própria história.
Com essas palavras, a batalha começou. Não foi um combate físico imediato, mas uma batalha de vontades, uma luta pela verdade e pelo controle do destino. As sombras que envolviam o campo começaram a se contorcer, formando figuras que pareciam se alimentar da dúvida e do medo. Mas Ryouma, com o poder de seu Sistema, começou a desmantelar as ilusões, um passo de cada vez.
Enquanto isso, Tang San observava, o Martelo do Céu Claro oculto, mas prestes a se revelar. Ele sabia que seu papel nesse conflito estava apenas começando, mas o que ele não sabia era até onde Ryouma estava disposto a ir para vencer a batalha.
O futuro estava prestes a ser reescrito, e as escolhas de Ryouma começariam a afetar tudo o que conheciam.