Parte 1 – Hora do Descanso
Gabriel Moreau, Amelia Harper e dois outros cientistas da Astra Corporation entraram na antiga metalúrgica, agora silenciosa e tomada por sombras. No centro do local, encontraram Ryan sentado no chão de concreto frio, cercado pelos corpos desacordados dos capangas. Ele os observava em silêncio, como se ainda absorvesse os desdobramentos da batalha.
— Levante-se, Dawson — pediu Moreau, com a voz firme, mas controlada. — A polícia deve estar a caminho, e não seria bom sermos encontrados aqui.
Ryan se ergueu sem hesitar, os movimentos pesados pela armadura que ainda cobria seu corpo.
Amelia se aproximou, avaliando-o com um olhar preocupado.
— Vamos voltar ao laboratório — disse ela, em tom mais suave. — Você precisa descansar… e sair logo dessa armadura.
Sem dizer uma palavra, Ryan assentiu. Os dois cientistas o conduziram até um furgão discreto, estacionado nos fundos da metalúrgica. O trio desapareceu na penumbra, deixando para trás apenas o som distante das sirenes que se aproximavam.
Parte 2 – A Traição Silenciosa
Leprechaun estava sempre um passo à frente.
Enquanto Ryan lutava contra o cansaço, ele tecia sua teia — e ela se estendia até os corredores mais profundos da Penitenciária de Hipton.
Grotto ainda estava vivo. Mas não por muito tempo.
No silêncio de sua cela, o velho chefão do crime sabia que seu império estava desmoronando. E, pior que isso, elesabia quem estava por trás: Leprechaun.
Os guardas, subornados, fingiram não ver quando um homem mascarado surgiu entre as sombras.
— Leprechaun manda lembranças — sussurrou o assassino antes de pressionar a lâmina contra a garganta de Grotto.
O sangue pintou o chão da cela.
Na manhã seguinte, Hipton acordaria com um novo chefe do crime.
Parte 3 – O Aviso de Amelia
Ryan não lembrava da última vez que havia conseguido dormir.
Cada vez que fechava os olhos, as imagens voltavam com força cruel: Hipton em chamas, o carro de Ethan consumido pelo fogo, o sorriso venenoso de Leprechaun. A raiva crescia como um tumor, espalhando-se pelo seu peito.
Passou as mãos pelo rosto numa tentativa inútil de afastar o cansaço e pegou o celular. Nenhuma ligação. Nenhuma mensagem.
Antes, ele fora um dos pilares da força policial. Agora, era um fantasma.
Já não tinha certeza se isso ainda o incomodava.
O policial Ryan Dawson estava desaparecendo. E, no lugar dele, algo novo surgia.
A porta do quarto se abriu com violência. Amelia entrou determinada, os olhos firmes, o semblante carregado de urgência.
A voz da prefeita veio cortante:
— Grotto está morto.
O silêncio engoliu o quarto.
Leprechaun finalmente havia feito seu movimento.
Ryan apertou os dentes.
— Eu vou acabar com ele.
— E quando acabar?— Amelia retrucou, sem hesitar. — O que vai sobrar de você?
Ele não soube responder.
— O que você está se tornando, Ryan?
De novo, o silêncio. Ele também não sabia.
Amelia manteve o olhar firme.
— Não tente me convencer de que Ethan gostaria de ver você assim.
E, pela primeira vez, Ryan percebeu que talvez Amelia estivesse certa.
Mas não importava.
O Fúria Vermelha já estava solto.
E ele não pararia até que Leprechaun estivesse preso — ou morto.
Parte 4 – Desafio Aceito
O rádio da polícia chiou, interrompendo os pensamentos de Ryan.
— Alerta de carregamento de armas dos homens de Leprechaun no Parque Salbury. Reforços solicitados.
Imediatamente, Ryan se virou para os cientistas.
— Coloquem-me na armadura. Agora!
Era a chance que ele aguardava há semanas — a oportunidade perfeita para frustrar os planos de Leprechaun. O som metálico da armadura se fechando ao redor de seu corpo ecoava como um prenúncio da batalha que estava por vir.
Mas Ryan sabia que aquilo era mais do que uma simples jogada de poder. Era um desafio.
E ele aceitou.
Parte 5 – Mestre das Facas
O parque estava tomado por uma névoa espessa. Um caminhão permanecia estacionado na entrada, os faróis apagados, como se tentasse se camuflar naquela paisagem fantasmagórica.
Ryan estava ali havia minutos, imóvel, apenas observando.
Então, a porta do caminhão se abriu.
E Leprechaun desceu.
Sozinho.
— Eu sabia que você viria para ajudar os seus amigos policiais — disse ele, com um sorriso torto. — Uma pena que o alerta era falso... criado por policiais que respondem a mim.
Ryan não respondeu. A raiva pulsava com força suficiente para partir ossos.
— Engraçado. Você ainda veste essa armadura como se fosse um herói. Mas nós dois sabemos que isso é uma mentira.
Ryan deu um passo à frente, o peso da armadura fazendo o chão ranger sob seus pés.
— Onde estão seus capangas? — perguntou, mantendo os olhos fixos em Leprechaun.
Leprechaun sorriu com a calma de quem tem todas as cartas na manga.
— Eu gostaria que você desse as boas-vindas ao meu amigo... o Mestre das Facas.
No mesmo instante, um homem emergiu da névoa. Vestia um sobretudo escuro que ondulava levemente com a brisa fria do parque. O rosto estava completamente oculto por uma máscara preta, sem contornos, sem olhos visíveis — apenas o vazio encobrindo sua identidade.
Ele não disse uma única palavra. Apenas se aproximou, com passos silenciosos, como se flutuasse sobre o solo.
— Acho que este é um ótimo momento para vocês se conhecerem melhor.
O Mestre das Facas avançou sem aviso. Um lampejo metálico surgiu debaixo do sobretudo quando ele arremessou duas lâminas afiadas em direção ao peito da armadura. Ryan girou o corpo no último instante — uma das facas ricocheteou na ombreira com um estalo seco; a outra passou rente à lateral do capacete.
A luta se intensificou. O som das facas contra metal, da energia pulsante, da respiração pesada e da névoa se rompendo formava uma trilha sonora frenética. Era habilidade contra força. Velocidade contra tecnologia. Silêncio contra fúria.
No auge do confronto, Ryan avançou como uma máquina de guerra, atacando o oponente com força devastadora. O golpe o lançou contra uma árvore, que se partiu em estilhaços, espalhando folhas pelo ar.
— Mate-o, Dawson — Leprechaun murmurou. — Você sabe que quer.
Ryan sentiu o pulso acelerar. Ele podia acabar com aquilo ali.
As palavras de Amelia ecoaram em sua mente.
Ele hesitou.
E esse segundo de hesitação foi o suficiente para Liam sorrir.
— Está vendo? Ainda há algo dentro de você se agarrando a esse velho código de honra.
Ryan segurou a respiração, tentando conter o ódio fervente.
Foi então que o Mestre das Facas se moveu.
Rápido demais.
A lâmina deslizou pelo flanco da armadura, encontrando uma brecha. Ryan sentiu a dor quente se espalhar pelo abdômen.
Ele caiu de joelhos.
Leprechaun se abaixou ao seu lado.
— Porque, quando chegar a hora, quando você finalmente perceber que não pode ganhar este jogo… você vai se juntar a mim.
Ryan rangeu os dentes, forçando-se a ficar de pé. Mas Leprechaun já tinha ido.
E, pela primeira vez, Ryan se perguntou se um dia realmente conseguiria vencê-lo.